terça-feira, 9 de novembro de 2010

A outra fala


O que precisas é matar a vergonha, matar esse bicho que te rói as paredes e te promete que a seguir vão as roupas e que todo um mundo vai rir porque não olha muitas vezes para o que sente. Onde sente. Vivemos num mundo de macacos de dedos estendidos numa casa de espelhos, onde o ar é vergonha e nos faz perder tudo o que poderíamos ter ainda para ganhar, para perdermos. Encurta-nos as voltas, as pernas, deixa-nos anões e marrecos num canto de uma sala cheia de ego gigante. Rouba-nos o fado que acumularíamos, arranjando fascínio nos turistas e netos de alcochete. Vergonha como a dos cães. Sim ao medo, fim ao medo. Enfim.

Eu sei o que está certo e o que está errado. Faço bem, faço certo.
Eu faço errado, também. Eu aceito, perdoo-me, faço bem, faço certo.
.
Tu existes e sabes o que está certo e o que está errado. Fazes bem, fazes certo. Apontas-me o dedo e eu já não encontro a saída da casa de espelhos. Não é fácil matar a vergonha.

2 comentários:

Eduardo disse...

tenho andado longe, mas nao te deixei de ler...tens evoluido TANTO...

tenho muito orgulho em ti. Co-fundadora...juro-te!

Beijinhos.

Maggie disse...

Eu tenho sempre de fazer quote de frases dos teus textos...

"Eu sei o que está certo e o que está errado. Faço bem, faço certo.
Eu faço errado, também. Eu aceito, perdoo-me, faço bem, faço certo.
.
Tu existes e sabes o que está certo e o que está errado. Fazes bem, fazes certo. Apontas-me o dedo e eu já não encontro a saída da casa de espelhos. Não é fácil matar a vergonha." <3