quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Trôpega

- Peço permissão para sair , senhora.
- Não te pintes de inocente comigo, sempre te achaste dono e senhor dos teus passos, não é agora que os teus sapatos me vão encaixar nas raízes; que os teus olhos vão deixar de ser teus por estares cansado de ver; que os calos das mãos te vão doer menos, por já teres um dactilógrafo disposto ao serviço. Se queres que te diga- e não me interessa realmente, porque às vezes até eu sou gente- é o falares que é desnecessário, se dizes sempre o que não queres ouvir. O necessário é o Morreres, sim, na colheita de que depende a nossa sobrevivência. E pedires para sair-me é intolerável, porque sempre soubeste à partida a vontade das tuas direcções(Cócegas no fígado não me cocegueiam o humor, sabes bem). Pára. Pára de ser tu e pensa... porque eu ainda não penso noutra coisa.
Por acaso alguma vez me pediste para entrar?

Cláudia

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