sábado, 5 de janeiro de 2008

De Repente Tudo Escuro


De repente tudo escuro.
Já a noite vai avançada.
Avisto-o, aterrorizada,
desconfio do meu futuro.

Nervosa, mas parada,
espero por uma reacção,
mas no meio da escuridão,
não consigo fazer nada.

Vem a cambalear,
de aspecto austero,
aterrorizante, a gritar:
"É a si que eu quero!"

Corro agora pela carruagem,
ele segue atrás de mim
e por corredores sem fim
vou perdendo a vantagem.

De repente já não me segue,
desaparece completamente,
eu sigo sempre em frente,
mas ninguém me persegue.

À minha frente agora
um ser se apresenta.
Eu, bem atenta,
fito esta caixa de pandora.

Só escuridão o caracteriza,
na mão: uma cabeça cortada,
no flanco: o corte de uma facada,
na boca: um sorriso que aterroriza.

Falou-me então este ser:
"Contigo ele conseguiria derrotar-me,
sem ti nem arranhar-me.
É tua a culpa do que está a acontecer"

E aí percebi que fora o meu preconceito
que decapitara o homem que me seguia.
Enquanto ele me pedia ajuda eu fugia.
Por mim todo o mal foi feito...

E agora sem união possível,
seria o mesmo o meu destino,
pois sozinha vencer o Demónio
era tarefa impossível...

O meu fado foi demasiado duro,
apenas consegui uma faca no flanco cravar,
vi o demónio avançar
e de repente tudo escuro...

Eduardo Rilhas

1 comentário:

Anónimo disse...

Está mesmo lindo! Adorei!!

Beijos Tânia