De repente tudo escuro.
Já a noite vai avançada.
Avisto-o, aterrorizada,
desconfio do meu futuro.
Nervosa, mas parada,
espero por uma reacção,
mas no meio da escuridão,
não consigo fazer nada.
Vem a cambalear,
de aspecto austero,
aterrorizante, a gritar:
"É a si que eu quero!"
Corro agora pela carruagem,
ele segue atrás de mim
e por corredores sem fim
vou perdendo a vantagem.
De repente já não me segue,
desaparece completamente,
eu sigo sempre em frente,
mas ninguém me persegue.
À minha frente agora
um ser se apresenta.
Eu, bem atenta,
fito esta caixa de pandora.
Só escuridão o caracteriza,
na mão: uma cabeça cortada,
no flanco: o corte de uma facada,
na boca: um sorriso que aterroriza.
Falou-me então este ser:
"Contigo ele conseguiria derrotar-me,
sem ti nem arranhar-me.
É tua a culpa do que está a acontecer"
E aí percebi que fora o meu preconceito
que decapitara o homem que me seguia.
Enquanto ele me pedia ajuda eu fugia.
Por mim todo o mal foi feito...
E agora sem união possível,
seria o mesmo o meu destino,
pois sozinha vencer o Demónio
era tarefa impossível...
O meu fado foi demasiado duro,
apenas consegui uma faca no flanco cravar,
vi o demónio avançar
e de repente tudo escuro...
Eduardo Rilhas
1 comentário:
Está mesmo lindo! Adorei!!
Beijos Tânia
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