"Perdemos outra vez este crepúsculo.
Ninguém nos viu esta tarde de mãos dadas
Enquanto a noite azul caía sobre o mundo."
Achámos a sensação de tocar o céu
De sentir o desejo de uma árvore em ficar
Em tentar ter um pedaço de sol que conheces.
"Então onde estavas?
Entre qual gente?
Dizendo que palavras?"
Entre paredes de nuvens
Falavas para o alto e sorriste com a mão
Acenaste ao pássaro viajante pela neve.
"Eu te recordava com a alma encolhida
por essa tristeza que me reconheces"
Sempre me mostrei assim passageiro pela vida
Ausente do teu respirar, marcador do teu dedo apontador.
"Vi da minha janela
a festa do poente nos morros distantes (...)
Caiu o livro que sempre se toma no crepúsculo,
e como um cão ferido, tombou a meus pés minha capa"
Deixei de ser o herói da capa rota que planava pelo mar
Sou a tua sensação de musgo distante, quente pelo sol
hoje abro o livro onde tu o deixaste marcado
Abro-o e só te encontro a ti,por entre as linhas.
Eduardo Coreixo e Pablo Neruda
2 comentários:
Tu sabes o que penso de Neruda... e pronto, está lindo. :) Beijinho.
Que bonita homenagem!
Entendo quando dizes que as coisas simples são mais bonitas.
Bj grande. :-)
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