segunda-feira, 10 de março de 2008

A escuridão


Anjos mortos prostrados no ar ,
Dura a riqueza das suas asas que largaram ouro pelas nuvens
Leve a sua morte nos céus dourados pelo Sol,
Largaram a sua consciência, assim o quiseram.
Escura a sua roupa pela morte da alma,
Descalços os pés que raramente tocaram no chão;
Dá som a chuva que dói no cabelo,
Palavras que tocaram o fundo, que cheiraram a imundice.
Anjo solto, anjo agarrado à existência inexistente
Pobre ser preso à sua condição
Personagem que voa livremente pela imensidão,
Pedra no sapato de quem os desacreditou.
Morre anjo, morre que a morte já espreita;
Morre que o dia já morreu, já lá foi a hora
Hoje somos vivos para morrer,
Amanhã somos mortos que se esforçaram para viver.

Eduardo Coreixo

3 comentários:

Anónimo disse...

Rapaz... terrivelmente brutalissimo!

Amei!

Parabens!

Anónimo disse...

não te percebi bem, desculpa...
falas dos vivos que já morreram, que nunca viveram sequer. falas dos mortos que estão mais vivos que nós.

sabes o que adoro mesmo? a combinação inesperada de palavras,chuva que doi em cabelos e palavras que tocam fundos. gosto mesmo.

um bejo de leste
(pronto, esta bem, da Filipa Pereira) ;-) ;-)

Pseudónima disse...

A parte de que te falei foi:

"Morre anjo, morre que a morte já espreita;
Morre que o dia já morreu, já lá foi a hora
Hoje somos vivos para morrer,
Amanhã somos mortos que se esforçaram para viver."

O poema está, no seu todo, lindíssimo. ;)

Beijinho.