quarta-feira, 28 de maio de 2008

Probabilidades Invisíveis


Mediante esta prisão, cheguei a certas conclusões, sabes? Perde-se o tempo que está para vir, porque tudo o que está para se dizer está igualmente perdido, toda a visão já desapareceu.
Capa desmedida de um herói morto pelo pó da prateleira suja.
Boneco de cabeça rota
Deslizante por ti
Porque nesta prisão está abafado pelo silêncio
Beleza selvagem a preto e branco
Quebravelmente prateado com o metal das grades.
No escuro olhando para o furo da parede
Baú fechado pela melancolia das saudades,
Este quarto sujo e empoeirado
Qual prisão perpétua de memórias e perdições
Pela razão de não ser, fecho a boca, e sonho.
O céu está no caminho, a melhoria do toque profundo
Deixando os nossos lábios a descansar
Juntos, unidos através destas grades quebradas.
Flores pretas, água escura perdida
Engolido na solidão contigo ao lado,
Tocamos as mãos no espaço do tempo
Em que ficámos parados a olhar a presença
A saborear os lábios juntos.
Eduardo Coreixo

1 comentário:

Pseudónima disse...

Conclusões sensatas. "Perde-se o tempo que está para vir, porque tudo o que está para se dizer está igualmente perdido, toda a visão já desapareceu." Gostei especialmente desta parte. Tão sentido, tão verdadeiro.

Beijinhos, gosto de si. ;)