terça-feira, 10 de junho de 2008

Quem Tem Medo do Lobo Mau? (Quem tem devia reconsiderar)

O Lobo Mau tem um caso com o Capuchinho Faz Bem Vermelho dos Olhos Verdes! É tudo verdade, descobri ontem deitado na cama, a ler a tv7dias.

Ao que parece, um dia depararam-se com uma ponte em que tinham de apagar memórias. O Capuchinho esperneou, argumentou, lutou e relutou, chateou, e achou aquela ponte descabida, porque raio? As memórias, já as tinha ele antes de chegar à ponte, e atravessar a ponte não parecia merecer o apagar de memórias. Com muito esforço, lá fez o favor ao Lobo Mau, com relutância, lá passou a ponte. O Lobo Mau, (otário como sempre), chegou, sentou-se e calmamente disse para o Capuchinho: Estou a eliminar as memórias, não demoro. Não demorou, e atravessou.

Ora bem, o Lobo mau sentou-se porquê? Por estar cansado do esperneamento do Capuchinho, porque parecendo que não, quem tem de sofrer por isso é sempre o Lobo. O Capuchinho está como novo porquê? Porque o Lobo chega e obedece.

A seguir à ponte foram cada um para sua casa. Desta vez o Lobo Mau não foi para a praia. Mas também se virmos, não há praia ao pé da floresta do Lobo, só na cidade do Capuchinho. Ah não! Cabeça a minha, é ao contrário! O Lobo não foi à praia, mas o Capuchinho já considerou ir, mais uma vez.

Vivem-se tempos difíceis, e há que aproveitá-los bem, com divertimento! (Menos o Lobo).


Eduardo Rilhas



Colega Pseudónima, permite-me que coloque aqui o texto que me mostraste.
Do blog: E Etecetera, Edvard e a Dor.

Um túnel onde Edvard entra. Do outro lado sai como que a saber cantar. Mas não. Ele não canta: simplesmente grita de uma forma melódica. Como domina musicalmente a dor julgam que Edvard não está a sofrer, mas está.

De que se queixa esse homem que parece cantar? Não sabemos.

O que sabemos é que, produzidas artificialmente, as palavras acalmam aquilo que é claro não pertencer à cultura; falamos da dor. A dor não é cultural; a dor não é uma coisa produzida pelo Homem, já existia antes e existe sem ele. Mas com ele, claro, com o Homem, foram introduzidas múltiplas variantes. O Homem produz dor como produz instrumentos técnicos: em quantidade e adaptada às circunstâncias. Repare-se que há quase tantos instrumentos para consertar uma máquina avariada como para provocar dor. Os instrumentos de tortura são, a cada dia, aperfeiçoados.

Mas Edvard não quer saber do Homem em geral. Está preocupada, sim, consigo próprio, como todos estão, desde o nascimento.

No fundo, aqueles que nos recebem no mundo, sabia Edvard, apenas nos preparam para o egoísmo, fortalecendo-o.

Aprende com o corpo e com as ideias a defender-te e estarás pronto para entrar no Reino dos Homens.

Pois era assim que Edvard pensava.

E a sua grande qualidade era esta: gritava a sua dor de tal forma que parecia cantar.



Gonçalo M. Tavares

1 comentário:

Anónimo disse...

O Gonçalo M. Tavares é só daqueles gigantes que faz com que toda a gente se encontre nos seus textos, sem que seja um pouquinho.

E esse tinha o teu nome e pronto. Serve-te.

Até o Lobo merece divertir-se. Cumprimentos, colega. ;)