quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Colisões


Virei a cabeça para trás para sentir o vento a chocar nos meus cabelos
Saber o que é a melancolia dos dias e das noites, neste eterno pôr de sol,
Aqui na praia das demoras e saídas de rotina, sento-me a querer olhar.
Ondas distintas, areias uniformes de interiores descortinados,
De Invernos negros lentos, e de colapsos veraneantes de nuvens próximas,
É todo o ano de antigas protecções, de encruzilhadas perdidas, de partidas pregadas
Beijos em forma de algodão, multidões de gelo
Abraços de almofada, olhares desmentidos pela solidão.
Os motivos são dados por tudo o que é real em ambas as minhas mãos,
O toque, o cheiro, o sabor, o riso, tudo o que me é poético
A natureza fugidía do Inferno que me custou as horas deste (atrasado) pôr de sol,
A motivação e dedicação de atitudes mastigadas por uma trave que me aguenta.
Belo Mundo este que penso, de rochas brancas, claras pelo tempo,
De noites negras, de tanta rotação e marés alucinadas,
Penso este mundo de saudade, de objectivos, de pureza e maldade,
Porque tudo não sei eu, senão a maldade falsificada.
Gosto deste toque de malícia infantil, de olhar indiscreto,
Para me levar a mim pelo meio de tudo isto, por todo o caminho,
Até a um amanhecer que me abraçará, com tanto para acontecer.
Estico a corda da guitarra, guincha de dor, mas que som!
Tudo quanto é forçado custa, tudo quanto é natural surge.
Vou ficar por aqui, para pensar em saudades,
Em conforto que me cheire a folhas de primavera,
Em refúgio do Mundo, que me saiba a casa, a Casa do Mundo.
Eduardo Coreixo

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