Quando nasci, não o fiz por querer, nem estava
cansado. Contrariaram-me, até, mais uns dias no primeiro berço de todos, por
(segundo os senhores doutores) já estar atrasado. Lá vim ao mundo por meios
cesarianos, no limiar do perigo de vida (segundo os senhores doutores), e fiz-me
menino.
Daí à minha idade actual, foi-me sendo provado que
quanto mais rápido melhor. Deviam dar-se prémios em vez de multas, a quem
ultrapassa o limite de velocidade! Não há tempo para retomar o folego, antes de
correr outra vez. Não há tempo para preguiças, nem tempo para fazer o que
gostamos: não há oportunidades. Formatação inumana em seres humanos: somos
robôs à espera de vencer o prazo de validade;
temos de viver tão depressa que a
Terra é uma centrifugadora: “este mundo cansa-me”.
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