quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

A mim também (ou As Crónicas de Nada)



Quando nasci, não o fiz por querer, nem estava cansado. Contrariaram-me, até, mais uns dias no primeiro berço de todos, por (segundo os senhores doutores) já estar atrasado. Lá vim ao mundo por meios cesarianos, no limiar do perigo de vida (segundo os senhores doutores), e fiz-me menino.

Daí à minha idade actual, foi-me sendo provado que quanto mais rápido melhor. Deviam dar-se prémios em vez de multas, a quem ultrapassa o limite de velocidade! Não há tempo para retomar o folego, antes de correr outra vez. Não há tempo para preguiças, nem tempo para fazer o que gostamos: não há oportunidades. Formatação inumana em seres humanos: somos robôs à espera de vencer o prazo de validade;
                                                                                             temos de viver tão depressa que a Terra é uma centrifugadora: “este mundo cansa-me”.

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