segunda-feira, 9 de março de 2015

Tu mesma

Acordo sem poder te olhar nos olhos e dizer o que sinto.
Não tenho a esperança gasta nem a carteira vazia
Nem as costas lesadas com o peso do passado
Quanto menos a bondade que tenho perdida.
Continuo a acordar sem te poder dizer o que sinto
Porque estás profanada pelo cinismo e pela descrença
Estás viciada na tua razão de ser e infinita verdade sociológica.
As virtudes que tinhas ainda as tens, a alma que tinhas ainda possuis.
Não perdeste as lágrimas de desespero, o choro por uma vida mais feliz
A não resposta de um futuro promissor.

Fecho os olhos para ganhar coragem e te dizer o que sinto
Mas os meus ouvidos ouvem o teu murmúrio de piedade
E calo então o meu coração e escondo a minha vontade.

Não há resposta para a tua posição
Para a tua maneira de ser
Para o amor
Para a dor
Para a perdição.

Não te vou largar nem que se quebrem as ondas da minha vontade.
Serei a tua gota de orvalho em dia húmido
A tua perseverança no funeral
A tua seriedade laboral.

Eduardo Coreixo

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