Tinha seis, sete anos (lembro-me como se fosse hoje) e o sol punha-se ao longe.
“Jantar já?! Oh ‘vó mas ainda é de dia!” E lá a minha avó me explicava que, no Verão, os dias eram mais longos e o sol só desaparecia no horizonte mais tarde, pelas 22 horas (mais ou menos!). Eu achava aquilo maravilhoso! O meu pai a assar qualquer coisa no assador, a minha mãe dentro de casa a fazer as saladas e eu ali, no quintal, a correr de um lado para o outro enquanto a minha avó me olhava para estar segura de que eu estava bem.
De vez em quando, lá vinham os meus tios, primos e bisavó jantar (ou almoçar) connosco e então a festa e a diversão reinava.
Quando era almoço, mal ouvia a voz da minha bisavó no andar de baixo a falar sobre o sal nas sardinhas ou sobre o vinagre nas saladas, saltava da cama onde me encontrava a ver os desenhos animados da manhã e corria escadas abaixo para me atirar aos seus braços.
Aqueles braços de velhinha que transmitiam tanto a todos nós. E ainda hoje transmitem quando nela pensamos. E quando vinha do cabeleireiro? Quase que não me deixava tocar-lhe só para não desmanchar o penteado que tinha acabado de fazer.
Como eram bonitos os dias de família. Hoje, não existem. Cada um seguiu o seu rumo e a vida não pára.
“Eu sei que eu tenho um jeito meio estúpido de ser” e embora sinta saudades, não trocava por nada o que estou agora a viver: a (quase) realização, o (quase) preenchimento.
filipe
1 comentário:
Gosto da tua maneira de escrever. O Eduardo escolheu bem quem convidou... x)
Bem-vindo, vai-te lembrando de deixar-te ler... sim?
Enviar um comentário