"Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem achei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem,
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo:Fui eu?
Deus sabe, porque o escreveu."
Fernando Pessoa
2 comentários:
nao se sabe, ninguem sabe, tens muitas, mas nao sao almas essa é so uma, boa, tens é muitas personalidades, escolhe a melhor, e sabes tambem gosto muito do fernando pessoa, mas prefiro que TU escrevas. beijokas
E as confusões mentais "andem" aí... "De tanto ser, só tenho alma". Lindo, perfeito, o mestre.
Estou aqui. =)
Beijinhos.
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