sábado, 8 de dezembro de 2007

Senha 001


Esta sou eu. Bem, não sou eu apenas, sou eu cuspida do meu mundo e devolvida ao mundo que me deixa na fila de espera para arranjar espaço de encaixe. Romântica grávida de azia; ateia - benza-me Deus - e sem esperança nenhuma já no passado. Cega demais para ver o futuro, ignorante por gosto e sem gosto pelas coisas do paladar.
Cheiro as novas essências que... já foram, já estão gastas. Ouço tantas vozes e soam-me todas inválidas de nexo. As minhas narinas estão de greve e até considero o olfacto o menos parvo dos meus sentidos- isto deverá querer dizer algo, mas não diz. Ironias, sarcásticas como elas só. Sinais? Tenho-os muitos, principalmente nas omoplatas. E mais uma vez, repito: esta sou eu e mais qualquer coisa.

Ora da última vez que eu fiz isto, tinha sete ou nove anos. Senti necessidade de me apresentar, já que ninguém me fazia o favor de me explicar como é que eu era, logo, dizer-me como deveria de agir. Fui demasiado educada, pensando agora melhor, foi esse o mal, o mal foi esse. Mas assim como assim, não descobri grande coisa : que odiava papas, que as princesas eram todas bonitas, que os senhores que brincavam às bandeirinhas na Lua é que eram e que comer fígado provocava angústia no coração. Mais tarde odiei quando me chamaram de princesa e viver na Lua já me bastava, agora era Marte o caminho. Os gostos ainda hoje se mantêm, não sei porquê, porquê? Não sei.

Ora se esta sou eu e mais outra coisa que hoje não consigo explicar, não morro de amores, nunca hei-de morrer de decepção, porque o primeiro passo não está dado. É, acho que trinco demasiado no caroço, mas pode ser que qualquer dia haja alguma comida pelo meio.

1 comentário:

Anónimo disse...

essa és tu...e és linda
bj grande
rik