quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Roubo


Se Ele existisse não o teria levado
Porque de consciência tranquila, lavo eu as mãos
Que aqui está tudo como ele queria,
Mas Tu pensaste que era agoiro tanta honestidade,
Quebrando os seus sonhos, tal como os nossos.
Perdoas? Eu acho que perdi a fé em Ti, ainda que só por momentos,
Mas que raio, era ele que tentava e desesperava,
(Porque na noite todos os gatos são pardos)
E ainda hoje pensava que iria beber com ele um café,
E bebi, amargo como alcool a queimar o estômago,
Porque Tu o abandonaste, a mim e a todos,
Sim, sim Tu, seu reles criado da satisfação. Desculpa, é a dor,
É a dor de uma alma fraca, sensivel, fraca e sensivel
(Por esta ordem, porque a repetição também se repete em nós)
Porque foi inesperado, porque nem sequer Avisaste
Roubaste, e num relâmpago chorámos e fomos em fila,
Fomos filamente prestar fidelidade a ele, e não a Ti,
Seu ladrão,
Inesperado gatuno de felicidade e almas.
Mais uma vez desculpa, mas a dor é grande
E o vazio maior.
Foram-se as nuvens, ficaram as lágrimas,
Foi-se ele, ficou a sua lápide.
Odeio-Te.

Eduardo Coreixo

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