quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Cadastro Nulo?


Como é que nos iludimos , menos e menos e menos até nos iludirmos tão menos que não sobre quase nada para contar aos que hão-de vir? Precisava da fórmula para explodir de uma vez, por uma vez eficazmente. Dava-me jeito, só tê-la no bolso, para ter desculpa para não a usar. Reprovada, sem exame disponível. E eu que sabia a matéria toda e ensinei o suficiente para rebentar a escala. Como é que nos iludimos, menos e menos e menos?


"É isto que é preciso dizer: daqui ninguém sai sem cadastro."


Al Berto


Que ninguém julgue que a sentença é esta, finito, advogados há-los mais que aos recursos e todos esfomeados de ganância como órfãos por abraços, benza-os Deus. Nevermind, Whatever e 'Later. Eu já não me iludo pelo menos nisto, que isto não me dá pão nem sequer um vestido preto, com que não me comprometa. Eu não dou mais nada que explosões de alma, essa alma gasta, gasta como um vestido já desenfronhado, fronha que é necessária passar ao próximo, assim muito rápido, como a batata quente, que expluda tão longe que eu só possa realmente presenciar por televisões portáteis a preto e branco. Gosto de paredes vermelhas.


Ninguém sai sem cadastro desta sala. Não permito, fui bem clara quando proibi a entrada a santos. Senhores padres, mostrem o cinto de ligas; senhores certos, mostrem o quanto são errados; assexuados, mostrem-nos os fetiches próprios dos assexuados , que a frigidez sempre suscitou interesse nos historiadores; museólogos, mostrem-nos os manequins torturados pelo vosso desprezo; mudos e surdos, mostrem-me quantas vozes ecoam nos vossos sonhos, para comparar-mo-las e na volta, fazermos troca por troca, que tenho aquela repetida quatro ou cinco vezes. Artistas, mostrem-me os fantasmas que vos cegam e vos puxam cada vez mais para as amarras de dentro.


Pena máxima para os que amam e são amados. Costuras nos olhos e andores queimados, que ninguém andará nunca mais assim tão alto. Ninguém se escapa. Festejem, a festa é cigana, só acaba no desmaio de não suportarem mais viverem convosco. Mais um tinto, mais um branco, mais rum, cachaça e bagaço. Cigarrilhas e charrutos, nuvens de fumo que nos fazem perder de nós, tão por querer, tão sem já desculpas, desculpas indisponíveis, volte mais tarde.


Pecados em saldos, é aproveitar. Ilude-te menos e menos e deixa o outro menos para mim. Distribuídos como irmãos, os pecados valem a pena. Pena máxima para os que amam a vida. E são amados; são amados.

2 comentários:

Anónimo disse...

bem, finalmente consegui ler o texto. Deu-me uma visão de festa na idade média mas com coisas a rebentar e a explodir no ar, e tudo num caos que divertia quem la estava...assim como as execuções na forca ou na queima. não é uma interpretação, apenas uma visão pessoal)

Gostei muito.

Andreia disse...

Muito forte, muito bom, cara colega! ;) *