quinta-feira, 17 de abril de 2008

Carta de um louco


Traí-me a mim mesmo
Estraguei a minha vida ao questionar o saber certo
Atirei-me pelo precipício a baixo, e não vi que não haviam barreiras
E há algo em mim que me consome, paredes que se fecham.
Estou convencido que é apenas demasiada pressão para mim
Lixa para a minha pele,
Porque confundo o que é real com a minha estupidez,
Retiro-me para a minha morgue.
Rastejo por estes corredores a direito
Traio até o chão que já não piso
Morro certamente por não achar que valia a pena,
Mostrar afinal o que era, sem rodeios.
Morro. Vou morrer.
Culpa estúpida de quem vai morrer,
Mas a verdade é que gostava de rectificar,
Por isso, desculpem-me pois então
Porque para mim é tudo demasiado irreal, e apesar de tentar
Tudo se desmoronou à minha frente,
E é por isso que caio, para perder tudo o que não tenho.
Cheiro a chama da morte, porque novamente já nada o é
E no fim de contas, interessa-vos que me vá
Que cuspa o sangue dos murros que levei, com razão,
Que vos deixe. Não trai a vossa confiança,
Apenas a tua e a tua, e a tua.
Sou sincero porque digo que quero morrer.
Quero porque sei que mereço, sei que não estou convosco vivo
Que a minha melhor parte já há muito morreu.
Gostava que este momento fosse acompanhado por teclas de piano
Porque empurrei tudo o que tinha de bom, meti à beira do prato
Para enfatizar o drama, coberto pela neve das cinzas
Porque este é o meu último dia
Peço para que não chorem, não mereço tais lágrimas.
E eu só gostava que não se sentissem assim
E eu só queria que estivesse vivo para te testemunhar
E eu só desejava ter sido diferente.
Consumi-me de raiva por ter sido anormal
Quando já nada era certo para mim
Gritei e lá fui eu, ribanceira abaixo
Qual carro descontrolado, seu quem o guie.
Não ando, rastejo
Não penso, tenho medo
Não tenho realidade, sou híbrido.
Algo me trás à superfície, e estou envergonhado
Por isso chega a hora de me ir, de perder-vos de vista
Porque a morte salta em minha direcção,
Vem buscar a minha triste alma de pecador
O reflexo do desespero de quem foi algo que não era.
Adeus.

3 comentários:

Anónimo disse...

A Morte, a coisa que temos mais certa
alias a unica coia que temos como certa desde que nascemos ate esse factidico dia
muito bom
beijos

Pedro disse...

Todos tamos a morrer o que depende é a velocidade a que estamos uns mais depressa outros mais devagar.
no meu caso espero que seja devagar

Pseudónima disse...

Temos de falar. xD