sábado, 26 de abril de 2008

Eu vi mas não agarrei



Mais uma vez, eu vi mas não agarrei.


Existem retalhos de ti que me vão encontrando. Como quando encontro clips nas pedras da calçada, ou isqueiros com desenhos de anjos e chaves com asas. Como quando acordo com vontade de devorar todas as coisas boas no mundo e mantê-las todas dentro de mim, na certeza de que assim, tudo vai correr bem. Quando interligo o Universo com uma estranha certeza de ser este o caminho. Como quando pessoas únicas e mágicas como tu me aparecem e se sentam à minha beira - e amam Arte e comparam Meca com o resto da Europa. Filosofias de vida que me encaixam como uma luva, ou gente interessante simples. Gostava de cruzar no calendário as datas; entretanto esqueço-me de mim e do que é sentir. Mas hoje basta-me que não seja aquele, que sejas tu e que ainda tenha dois dias para me começar a esquecer dos teus traços siameses e das palavras oferecidas ao vento que- nos- leve- aonde- ele- quiser. Eu sou fácil de encontrar, mas muito pouca gente vê isso.


Falei-te em viajar; queria que me levasses contigo, mas não sabia ainda o teu nome. Logo no início, queria que me levasses contigo. Devia ter gritado que te queria ver novamente, mas mais uma vez foram as minhas pernas as únicas a moverem-se. Direcção oposta, ritmo dinâmico, enquanto a estaticidade tinha aquele travo a pessoas mágicas e únicas à minha beira.

Nestes dois dias em que ainda não te esqueço vou -te escrever os cabelos, contá-los um por um e transformá-los em serenatas, para depois lançá-los ao vento : aqui estás, aqui foste.

Quem sabe um dia. Outra Vez. Eu agarre. Eu sinta realmente muito prazer em conhecer-te. Dei-me conta hoje de manhã que um dia vou ser eu a morrer.



2 comentários:

Eduardo disse...

A morte invadiu-te?manda-a dar a volta de quem perdeu a chama...
Neste texto foste expressiva!Mais que nunca, se me permites...
Bejos escritora

Anónimo disse...

já não sei o que de bom posso dizer aos teus textos...não me quero tornar repetitivo.

mas posso dizer que gostei.