domingo, 18 de maio de 2008

Arranjar o arranjado


Quero ser uma bola de cristal, prever o futuro
Quero ter alma de poeta, criar sem saber o que crio
Quero saber fumar o mundo, passar os dias sem saber deles
Quero ser criança, espreitar a verdade sem malícia.
Quero amar, para saber qual é a sensação de ser útil
Quero escrever nas pedras, para saber o que é o difícil
Quero ser vela de chama acesa, para sentir o calor
Quero correr para a água, para criar a ilusão de leveza.
Nada disto me é estranho, mas aspiro a sensação de me sentir vago
Quando vagas são as horas que já rolaram
Quando fala o gato pardo de listas lisas
Porque alma que fala, perde o gosto de saber do mundo,
E vontade que se expressa, não passa de motor sem vida.
Morreram as razões desde ontem, tempos abençoados
Mortes nucleares de quem quer mudar o branco.
Três espadas na cintura, não significam poder,
Significam a injustiça, porque eu, escritor-vítima
Enfrento a vida apenas com uma lâmina e uma caneta.
Corro, para perto do mundo.
Ganho asas de Pégasos, e fico preso na mudança de sóis
Porque vida de alma mater já se foi.
Hoje sou Eduardo, pequeno pião na arma atómica da inspiração
Criador da minha imaginação de aviões e carros de doce
De levezas impossíveis, de amores concretizados.
Eduardo Coreixo

1 comentário:

Anónimo disse...

Gostei muito muito, és muito sensivel e expressas-te tão bem (ja tinha dito). Parabens.

Eu também quero ser isso tudo, mas ... tu sabes tenho-me sentido tao formiga como tu e nao consigo....
BJ