domingo, 27 de julho de 2008

Joaninha


Saem os dois, descontraídos, da cafetaria das segunda-feiras.

- Ai, eu amo-te.
- Eu também, meu querido.
- Mas eu amo-te... como daqui à Lua.
- Qual Lua?
- A Vamos-ser-felizes-os-dois-numa-só-cama-ocupada-do-not-disturb.
- (Riso) ... e termos trigémeos travestis e alianças tatuadas no tornozelo?
- Hm hm. E lua de mel em Las Vegas.
- Ai o Elvis... não tens ciúmes?
- Quem tem ciúmes não ama.
- É. De qualquer forma, prefiro o James Dean.

(Silêncio).

- Joaninha?
- Lagarta.
- Praia?
- Dunas.
- Maçãs?
- Proibido.
- Livros.
- Vento, vento.

Ele acende o cigarro, ela bebe o resto do sumo de laranja. Ela fica séria, como se fosse a epifania instantânea que falasse por ela.

- Tu ... amas-me?

Ele beija-lhe a mão.

- O suficiente para não te deixar voar.

4 comentários:

Susana disse...

Só há uma maneira de amar - e essa é demais. Quem ama anseia por cortar as asas ou torna-las número impar, para não poderem levar a única parte de si que não controlam embora.
Encontrar alguém que nos complete é a parte mais dificil da nossa viagem. Impérios erguem-se e transformam-se em pó, Glaciares formam-se e voltam à água primordial. E, enquanto o mundo começa a girar em sentido contrário, podemos ainda estar à procura dessa pessoa.
Assim, quando se encontra essa tal harmonia, só há uma maneira de amar. E essa maneira é demais.

Anita disse...

Muito bom!

Joanne disse...

Maravilhoso.... =P

Ciocarlia disse...

Cara pseudónima,

devo-te, pelo menos, um "muito prazer em conhecer-te", mas devo-te mais ainda.Devo antes de mais pedir desculpa pela demora,mas a falta de tempo obriga-me a fazer escolhas que muitas vezes implicam negligenciar coisas que me fazem feliz. Como escrever. Como agradecer ás pessoas que, mesmo estando longe e com quem, mesmo não tendo muito contacto, me ajudam a seguir em frente. Não sei se alguma vez pensaste que o que escreves pudesse ter um efeito terapeutico em mais alguém do que em ti própria. Se alguma vez descartaste essa possibilidade, fizeste mal porque a mim ajudas-me. Leio-te sempre,como leio sempre o que toda a gente escreve neste espaço, mas ás vezes não há nada a dizer. Ás vezes o sorriso que me nasce nos lábios de forma impensada, incontrolável e sentida é o unico comentário que te posso dedicar. Porque está tudo dito. Sabes aquela sensação boa de quando finalmente encontras um livro, uma frase, uma letra de música que expressa exctamente o que estavas a sentir mas que não sabes nem por onde começar para pôr por palavaras? È isso.
Gosto da forma como falas de um amor que me parece estar em ti como um orgão adicional, como se tivesses um rim, um pulmão ou um coração a mais e por muito que te doa, por mais que aches que um orgão a mais é dispensável, a verdade é que ele não vai embora. Porque não se arranca um coração do peito assim sem mais nem menos. Pois não?
Gosto das palavras que usas e que nunca estou á espera de encontrar. Gosto do inusitado.

Muito prazer em conhecer-te.
Obrigada pela magia.

Um beijo,
Ciocarlia