terça-feira, 3 de março de 2009

História sem acabamento

Bonjour, comment vas tu?!, dizia-lhe ele ao telefone...morto de medo.
Oui je comprend, mas pourquoi tu insistes en ça? Pourqoui tu me rappelles tous les jours? Dizia-lhe ela friamente.
Era esta a morte dele. A falta de carinho, aquela expressão facial, que ele por telefone conseguia imaginar. Morria...por dentro, lentamente.
Agarrava as duas mãos, enquanto ouvia o telefone ficar sem som...pelo choro dela, por saber que errava. Ele, incógnito sujeito, limitava-se a acompanhá-la naquele brado. Porquê? Porque raio tinha ela que insistir naquela história do "toca e foge"? Ele queria que ambos crescessem; ela preferia viver ao dia, como uma pequena mulher de circo.
Ma petite chèrie...je vous en prie de me montrer qui vous êtes...sussurava ele.
Je t'ai dit, laisse moi de choisir ce que je veut. J'ai que penser à ma vie. Gritou ela.
NOTRE VIE? Corrigiu ele.
Non, parce que MA VIE, vient avant de la notre, matava-o ela com esta afirmação.
Desde sempre que ele queria uma casa de decoro, uma vida de descanso. Emprego estável, mulher, aquele sentimento usual de quem se apaixona pela regularidade.
Ela era aquela pequena lolita, coração grande, ambição pequena; urbana de nascença, circense de alma pequena. Mas ele amava-a. Queria-a com todas as forças que conseguia ter. E ele, esperava-a.
Pequeno por ser quem é, mas nunca se descobriu o que aconteceu. Talvez aquelas palavras de sofrimento o tenham marcado. Era a hora de se deixar perder no choro...dela.

Não há grande história, nesta estória. A dor de querer era igual à de saber o que ele sabia: ela desejava-o, mas era demasiado criança para o admitir, a pura infantilidade de menina criança.
Nada é desanimador, apenas a história o é. Esta apenas é uma história dos dias de hoje.
Eduardo Coreixo, o Pessimista

2 comentários:

No Limite do Oceano disse...

O "querer" alguém pode ser uma tarefa árdua, e quantas vezes acaba mal?

Sinceramente não sei o que é melhor, se são os opostos que se atraem ou os semelhantes que se completam.

*Hugs n' smiles*
Carlos

Fragmentos Repartidos disse...

É o que se podia chamar de uma espécie de amor não correspondido. Mas estamos sempre sujeitos a esse tipo de situações e não é preciso estarmos a falar de uma relação amorosa porque nas coisas mais simples, nas relações mais simples, corremos sempre o risco de sofrer na pele o que o personagem deste texto sofreu (ficar de certa maneira a falar sozinho)...uma dedicação sem retribuição.

Abraço.