domingo, 1 de março de 2009

Para nada


Antes existia um mundo. Onde existiam papoilas e silêncios que tocavam e aromatizavam a podridão do mundo lá fora. Existia uma melodia que agradava gregos e troianos por conter nela toda a tristeza das mãos e das janelas. Existiam pessoas, peles reais e bilhetes de despedida. Existia uma verdade que não era minha nem tua mas que se fazia sentir. Os abraços e os espaços entre as palavras não doíam, era um mundo bonito. Talvez eu tivesse sempre pedido demais, talvez eu continue a ser a que não merece, a que sente muito e a que espera até adormecer, porque os sonhos calam o sal e a falta que me fazes. Talvez eu seja isto e nada mais que isto. Talvez quando tudo isto acabar eu seja podridão debaixo de terra e não haja vivalma que me chore. Não dói nada dizer que se está só. Eu queria parar de sentir. De viver. As papoilas, o silêncio já não existe. Para onde é que fujo agora? Agora que finalmente sei que não existes, como explicar o que sou? Como parar de magoar? Bons sonhos.

1 comentário:

Eduardo disse...

Consegues ser tão..."vagamente concreta"!
como fazes isso?!