segunda-feira, 5 de julho de 2010

Tenho problemas, mas não este


Não me sintas, não hoje.

Hoje sou um homem partido, de braços erguidos,
Qual cenário dramático. Só me falta a chuva.
Não quero batalhar mais guerras, porque não sou eu.
Esta voz roça as batalhas de letras perdidas
Músicas feitas de guitarras desfeitas

(E não não sou um solitário)

Não me sintas, não hoje.
O pior não passou, e não te quero agarrar
Quero agarrar-me à minha dor, angústia e desejo
Porque fui um homem por inteiro,
E hoje nada tenho senão uma carteira e uma chiclette

(Apenas quero finjir-me morto)

Troca-me, ainda que só até amanhã.
Bonsais de folhas mal aparadas,
Já viram estas mãos de tudo
Texturas arrogantes de sons agudos, já estes olhos viram tudo
Não me imites

(Venho já, vou só comprar pão)

Eu sou eu, desde o futuro.
Não venhas ver o vale dos sonhos pretos
Deixa-te estar a sentir essa coisa que queres saber
Sente essa raiva te tomar o corpo
Sente essa perca de fé em ti

(Está um calor nesta noite de morte)

Morto já estou, por ti. Hoje.
Tornei-me dormente pela vida de desesperado
Amanhã, sem ser bem construído
Hoje sem saber o que tenho de comprar ou fazer
Ontem que matou o pouco que ainda sentia(mos).

(Ficas a saber que isto é apenas ficção).

Amo-te de morte (Isto sim é verdade).

2 comentários:

Pseudónima disse...

Faz-me lembrar 'Não queiras saber de mim', de Rui Veloso. (Também) por isso, gostei muito. Gosto destes teus poemas mais breves, mais'simples'. Para mim, os com mais palavras.

Pseudónima disse...

Só mais uma coisa (que eu não percebo): porquê deixar claro o que é ficção e realidade?

Não precisas. Anyway, gostei.
Cumps. :)