sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Improviso

       Esta semana, tive de preparar o plano da minha dissertação de mestrado para apresentar hoje às 16horas. Assim, não tive tempo para preparar um texto para vos apresentar. Contudo, lembrei-me de fazer duas coisas: 1.º) apresentar-vos o dito plano, de modo a que também vocês possam comentá-lo, e sugerir correcções, acrescentos, etc; 2.º) não sendo a minha especialidade, recomendar-vos 4 CD's saídos este ano.

1.º) 

Título — Palimpsesto Camiliano: a construção do trágico em A Sereia



Estrutura
Preâmbulo. O manuscrito e o romance: dados para um estudo comparativo
1.     A tragédia e o trágico: uma questão teórica
2.     Motivos Clássicos
2.1  Motivos míticos
2.2  Motivos históricos
2.3  Motivos literários
3.     A Sereia: construção do trágico
4.     Conclusão
5.     Índice de autores
6.     Índice de passos citados
7.     Índice de obras de Camilo

O primeiro capítulo da dissertação será desenvolvido em torno da questão basilar: o que é o trágico? Se é impossível dar uma definição de trágico, o que é isso que pretendemos descobrir no romance de Camilo? A impossibilidade de descobrir um denominador comum que abarque todos os textos de carácter trágico faz com que nos debrucemos sobre as categorias trágicas, elas sim formas supremas de dizer o trágico. Segundo José Pedro Serra, categorias trágicas são “os traços fundamentais a partir dos quais se constitui aquela visão trágica do homem, do mundo e da vida”, “as diversas noções mediante as quais o trágico se expressa, ou, por outras palavras, os modos mais genéricos de dizer o trágico”, “formas primeiras de dizer o trágico, géneros supremos, cada um deles englobando várias concretizações, expressões da tragédia, mas eles próprios não subordinados a nenhum género superior”.
Para este capítulo teórico, não só o estudo de José Pedro Serra interessa. Outros estudiosos se debruçaram demoradamente sobre o problema do trágico. Assim, será necessário ter em conta autores como António Freire, Albin Lesky, Jaqueline de Romilly, Suzanne Said (que estudou particularmente La Faute tragique), Roberto Machado (que estuda o trágico na modernidade), Miguel de Unamuno, sem esquecer os primeiros que estudaram a tragédia e o trágico, Platão, Aristóteles e Horácio.
No capítulo seguinte, analisaremos, pormenorizadamente, os motivos clássicos presentes no romance em estudo, A Sereia. Se, na literatura setecentista portuguesa, quase sempre que um autor se referia a um mito greco-latino era como alegoria (por exemplo, Cupido e Vénus como símbolos do amor; Plutão como símbolo da morte, etc.), acreditamos que, na literatura romântica, os motivos clássicos surgem com uma função específica na narrativa, que não a simples alegoria (embora também aconteça). Assim, analisando os motivos clássicos presentes no texto, percebendo a sua função na narrativa, pretendemos mostrar como é obsoleta a ideia de que o romantismo se opôs peremptoriamente ao classicismo.
O capítulo que denominamos “A Sereia: construção do trágico” é o capítulo central da dissertação. Aqui, tendo em conta as conclusões a que chegámos no capítulo teórico sobre o trágico, faremos um estudo comparativo entre o manuscrito setecentista e o romance camiliano. Será feito um breve estudo sobre a transformação operada por Camilo nas categorias da narrativa, quer no plano da diegese (personagens, espaços, acção, descrição e tempo), quer no plano do discurso (tempo, perspectiva narrativa e autor/narrador/autor textual).
       Apesar da pouca noção que ainda temos de como estruturar este capítulo, pois pensamos que só depois de concluído o capítulo teórico teremos clara noção das categorias trágicas a estudar neste capítulo, é claro para nós que três das categorias trágicas estudadas por José Pedro Serra terão de ser analisadas: o conflito, o destino vs. liberdade e a culpa.

2.º) Recomendo, vivamente, os álbuns de Ana Moura (Desfado), Maria Ana Bobone (Fado & Piano), Carminho (Alma) e Rodrigo Costa Félix (Fados de Amor). 





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