Esta semana, tive de preparar o plano da minha dissertação de mestrado para apresentar hoje às 16horas. Assim, não tive tempo para preparar um texto para vos apresentar. Contudo, lembrei-me de fazer duas coisas: 1.º) apresentar-vos o dito plano, de modo a que também vocês possam comentá-lo, e sugerir correcções, acrescentos, etc; 2.º) não sendo a minha especialidade, recomendar-vos 4 CD's saídos este ano.
1.º)
Título
— Palimpsesto Camiliano: a construção do
trágico em A Sereia
Estrutura
Preâmbulo. O manuscrito e o romance:
dados para um estudo comparativo
1.
A
tragédia e o trágico: uma questão teórica
2. Motivos
Clássicos
2.1 Motivos míticos
2.2 Motivos históricos
2.3 Motivos literários
3.
A Sereia: construção do trágico
4.
Conclusão
5.
Índice
de autores
6.
Índice
de passos citados
7. Índice de obras de Camilo
O primeiro capítulo da dissertação será
desenvolvido em torno da questão basilar: o que é o trágico? Se é impossível dar uma
definição de trágico, o que é isso
que pretendemos descobrir no romance de Camilo? A impossibilidade de descobrir
um denominador comum que abarque todos os textos de carácter trágico faz com
que nos debrucemos sobre as categorias trágicas, elas sim formas supremas de
dizer o trágico. Segundo José Pedro Serra, categorias trágicas são “os traços
fundamentais a partir dos quais se constitui aquela visão trágica do homem, do
mundo e da vida”, “as diversas noções mediante as quais o trágico se expressa,
ou, por outras palavras, os modos mais genéricos de dizer o trágico”, “formas primeiras de dizer o trágico, géneros supremos, cada um deles
englobando várias concretizações, expressões da tragédia, mas eles próprios não
subordinados a nenhum género superior”.
Para este capítulo teórico, não só o
estudo de José Pedro Serra interessa. Outros estudiosos se debruçaram
demoradamente sobre o problema do trágico. Assim, será necessário ter em conta
autores como António Freire, Albin Lesky, Jaqueline de Romilly, Suzanne Said
(que estudou particularmente La Faute
tragique), Roberto Machado (que estuda o trágico na modernidade), Miguel de
Unamuno, sem esquecer os primeiros que estudaram a tragédia e o trágico,
Platão, Aristóteles e Horácio.
No capítulo seguinte, analisaremos,
pormenorizadamente, os motivos clássicos presentes no romance em estudo, A Sereia. Se, na literatura setecentista
portuguesa, quase sempre que um autor se referia a um mito greco-latino era
como alegoria (por exemplo, Cupido e Vénus como símbolos do amor; Plutão como
símbolo da morte, etc.), acreditamos que, na literatura romântica, os motivos
clássicos surgem com uma função específica na narrativa, que não a simples
alegoria (embora também aconteça). Assim, analisando os motivos clássicos
presentes no texto, percebendo a sua função na narrativa, pretendemos mostrar
como é obsoleta a ideia de que o romantismo se opôs peremptoriamente ao
classicismo.
O capítulo que denominamos “A Sereia: construção do trágico” é o
capítulo central da dissertação. Aqui, tendo em conta as conclusões a que
chegámos no capítulo teórico sobre o trágico, faremos um estudo comparativo
entre o manuscrito setecentista e o romance camiliano. Será feito um breve
estudo sobre a transformação operada por Camilo nas categorias da narrativa,
quer no plano da diegese (personagens, espaços, acção, descrição e tempo), quer
no plano do discurso (tempo, perspectiva narrativa e autor/narrador/autor
textual).
Apesar
da pouca noção que ainda temos de como estruturar este capítulo, pois pensamos
que só depois de concluído o capítulo teórico teremos clara noção das
categorias trágicas a estudar neste capítulo, é claro para nós que três das
categorias trágicas estudadas por José Pedro Serra terão de ser analisadas: o
conflito, o destino vs. liberdade e a
culpa.
2.º) Recomendo, vivamente, os álbuns de Ana Moura (Desfado), Maria Ana Bobone (Fado & Piano), Carminho (Alma) e Rodrigo Costa Félix (Fados de Amor).
Sem comentários:
Enviar um comentário