Quando até o ar pesa e as
circunstâncias parecem obedecer à Lei de Murphy, o existencialismo parece
irromper por entre a nossa idiossincrasia e o caos se afigura a paisagem de
fundo. As hipóteses parecem infinitas mas o absurdo da espuma dos nossos dias
parece condenar-nos. Qualquer réstia de esperança é uma procura interminável
por entre as contas do Gaspar. Já os Relvas deste mundo pouco se importam que tenhamos apenas um episódio de vida. A prossecução da felicidade
individual e da pólis devem surgir em parêntesis na equação das contas
públicas. Aquilo que nos dizem ser um projecto de salvação nacional para um longo
prazo ultrapassa tantas gerações que duvidamos que as vindouras ainda se
lembrem de como tudo surgiu. E pegar num livro de História pode revelar-se
aterrador. O sentido é o Eterno Retorno de Nietzsche. É o “subprime” de 1929 e
a “Grande Depressão” de 2008; é o Tudo pela Nação e nada Contra a Nação dos
dias de hoje; é a tensão nuclear fria no seio do bipolarismo em 1962 mas que
podia perfeitamente opor Israel e Irão.
É então necessário olhar para
trás. Organizar a teoria do caos e amenizar as náuseas que padecemos à
semelhança de Roquentin. Nunca resolveremos o mistério da vida e nem temos
tempo para isso. Procuremos então a estrada certa da bifurcação dialéctica que
sempre atormentou a humanidade. Procuremos ser livres e não tenhamos medo da
metamorfose sem esperar que nos transformem em insectos. Só poderemos evitar
olhar para trás quando esse passado se confundir com o futuro desejado. Até lá,
a política e a sociedade terão de ser reinventadas todos os dias numa Eterna
Mudança que nos livre das náuseas, das Troikas e das profecias da desgraça. O
amanhã será diferente apenas se o igual não for uma novidade para nós.
Frederico Aleixo
1 comentário:
Muito bem escrito!
Gostei das evocações de Nietzsche e Kafka.
Ah... E é sempre preciso olhar para trás. É impossível construir um futuro ser ter olhado o passado.
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