quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Pedaços




Não posso passar para o lado de lá, é a linha que me dita as regras, o ínfimo decalce da minha inocência. Não posso, não quero mas quero. Liberta-me para ao pé de ti, para o início e o fim em que eu me assumo, descontinuamente. Se a morte não me fosse tão doce, Porque seria tua e não tua conforme os apetites, mas nunca minha? Porque ainda estaria sentada a olhar para o dia de muitos ontens e varreria o presente, como se se eu não pensasse não doesse? Como se nunca tivesse doído. Nunca tivesse pensado sequer nisso.

Fala-me de amor.
Talvez o desespero se mate, depois de tanta persistência. Talvez eu me arranque da cama e jure nunca lembrar-me do outro que a minha Outra amou. Talvez se me conseguires irritar um pouquinho que seja, eu me grude na tua alma e fique para sempre bem no lado de cá, o meu lugar. O nosso. O nunca de ninguém, o nosso ponto de encontro finalmente encontrado.

E se for possível irrita-me muito, faz-me isso para que não te ame em pedaços, para ser para sempre tua e não tua, conforme os apetites.


E já não te peço mais nada.









Cláudia

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