sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Amparo ancestral


As árvores. Aquelas que morrem aos poucos num profundo silêncio, sem maltratarem os demais.
São elas que sofrem o que jamais ninguém sofreu, caracterizando-se pelo seu confidencialismo, como aquele em que vemos nos filmes.
Morrem aos poucos, de pé, hirtas de braços elevados aos céus, com vontade de desistir, quando as suas raizes as prendem ainda à terra. As suas folhas caem, mas novos filhos nascem com o renascer da aurora. As suas imagens cravadas pelos docentes que por elas passam, marcam histórias de amor, de desejo, de sofrimento, mas nunca se queixam, porque um dia, sabem elas, essas histórias serão destruidas por uma civilização menos crente na resistência. São elas que dão casa a pequenas aves, são elas que já nos ampararam em dias de sol como este, são elas que são derrubadas por nós, simples aves ligeiras, que não respeitamos os seu ancestrais.
Em dias como este, quero chorar a sua destruição, mas no fim de contas também eu sou culpado.
As árvores morrem de pé, mesmo connosco a olhar. As árvores são a nossa história. As árvores são o exemplo do que devería ser o respeito mútuo.
É hoje que vou bradar aos céus o desejo de ter árvores, de não perder esta história do mundo.

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