domingo, 27 de janeiro de 2008

Uma merda qualquer


Dói mais aqui neste canto do coração, onde se senta a alma em pose firme. Não escrevo uma poesia, escrevo uma merda qualquer que mostre a dor, o desalento que me transforma: tenho o produto da malvadez, da desatenção que foi criada
Não tenho armas nem bagagem para te enfrentar; não tenho a sensação inerte de querer ir à guerra, mas custa-me, sim custa-me a ver nesses teus olhos a dor que afirmas ter, porque se a sentes não tens razão! És mimada por mim, porque sim, cometo os meus pecados, mas compenso-te com melódicas palavras de sentimento: não te esfrego a cara no cimento cru desta estrada! Perdemos as origens daqueles que foram tempos passados ao sol, perante um mar criado pelo horizonte; sou eu a base que te ornamenta a vontade de crescer e ir para além do que almejavas. Mas afinal tu és o quê? Se sofro, se me lamento, se ou um parvo que olha pelas quinas do sofrimento, afinal que és tu? És tu, e isso chega, já to tinha dito antes, sabias?
Afinal sou capaz de escrever uma prosa, não é? Pois, porque sei eu a dor que tenho na ponta dos dedos de tanto oprimir a raiva de uma inspiração laica, e de sentir que ela talvez tenha a razão parva de que eu sou parvo. Entendes?

São as horas mortas de uma sensação,
O fechar das cortinas desta manha que se perdeu
Perco a minha lucidez, a minha emoção,
Fico imóvel, a chorar a tristeza morta que ardeu.

Foi este o sonho desta célebre noite.

Eduardo Coreixo

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