segunda-feira, 28 de abril de 2008

O cigano


Gostava de ser cigano, mas o verdadeiro mesmo
Viajar de animal à frente, sem ter que pagar nada
Pegar na minha coragem e desaparecer no horizonte,
Chorar pela infelicidade que me apela,
Mas cantar para elevar a moral

Gostava de ser um verdadeiro cigano
De vales e montes, de riachos e videntes
De ter aquela alma de sacrifício desleal,
Ferrar os dentes na pele enquanto algo dói
Para me sentir vivo, para saber que era cigano.

Gostava de me sentir cigano,
Para ter a alegria no coração que rejubila de saudade
Poder louvar as árvores e arbustos mor
Porque seria feliz de pão e água na mão
De abrir os braços, e gritar a temperatura corporal.

Gostava de ter atitude de cigano
Para saber dançar com o corpo escorrido em suor
Para agitar a tristeza de forma rarefeita
Para ser aquilo que não sou.
Eu, poeta destemido, hoje quero ser o cigano imundo.

Eduardo Coreixo

4 comentários:

Pseudónima disse...

Aqui entre nós, adoro a cultura cigana. Imundos de liberdade, limpos de amarras ou correias.

Gostei muito, sr escritor. =)

Anónimo disse...

A minha mãe chama-me cigano.
Mas para cigano falta-me muito.

Gostei padrinho.

Anónimo disse...

olha nem todos os ciganos sao imundos, nao vou levar a mal porque tenho sangue cigano e tu nem notas-te e ate gostas-te bastante de estar comigo.
beijos.

Unknown disse...

Olá. Faz uns quatro anos, um amigo meu bateu essa foto, e qual não foi a minha surpresa ao digitar cigano, agora a pouco no Google, e ver que ela está em muitos lugares da internet. Jamais imaginei que alguém iria acha-la interessante. Muito engraçado. Forte abraço.
Sérgio Vargas