domingo, 13 de julho de 2008

Cansado

Sem tempo para nada, olho o espelho e vejo-te. Vejo aquele olhar terno, vejo aquele sorriso maroto, vejo aquele olhar entendedor.

Lembro-me do abraço que ficou, lembro-me de ti no tempo sem tempo.

Amei-te? Sim, é provável. Talvez à minha maneira mas amei-te.

"Quando agora digo: meu amor
já não se passa absolutamente nada
e no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração."


Adeus, Eugénio de Andrade

Mas as palavras estão gastas. As palavras estão gastas, os abraços estão cansados e até os nossos olhos estão entediados de tanto nos termos olhado.

Porém, ainda te olho com um certo carinho reprimido e uma melancolia, uma certa saudade visível.

Amanhã, serei outro. Amanhã, seremos artistas. Amanhã, lembraremos o que fomos, o que somos e o que vamos ser.

Amanhã, espero que te reconheças neste texto tão cansado mas tão honesto.

(Jorge) Filipe Ressurreição

2 comentários:

Pseudónima disse...

Tinha saudades da tua escrita.E mais não digo que as reflexões daqui são cada vez mais para dentro. =) Muito bonito.

O poema do Andrade é o meu preferido; ou um dos, um dos certamente.

Pseudónima disse...
Este comentário foi removido pelo autor.