É que eu já nem vos peço mais nada do que uma vida de silêncio. Pelos defuntos, pelos audazes e por mim. Por qualquer coisa que não mereça ser dita, por promessas escangalhadas no meio do chão, por regressos esperados, por sombras sem dono nas casas abandonadas à meia - noite de Sintra. Pelas mentiras dos olhos e pelas inutilidades das mãos. Pela cabeça vazia de amanhã e ontem e para onde ir. Uma vida de silêncio estático e agarrado aos pulsos escravos que me prendem e me torturam com a doce distância que és tu a ver-me e eu, sem ti.
E hoje dói-me não ter voz que grite o bastante, não ter alma despejada de pó, não ter, não ter, não ter nada que não me doa quando me calo. Não me doer já me dói o bastante e, no entanto, entretanto, são tantos os caminhos que me são vedados e tantas as palavras que não me pertencem que os meus lábios sangram, por medo de serem ouvidos. Eu sou o mundo inteiro quando me sonho e me lavo dos caminhos que hão-de dar ao Hades. Quando, por momentos, eu sou profunda, eu valho a pena, eu sei o que digo e não quero dizê-lo a ninguém. Eu sou o medo, o medo sai do medo e o medo não é nada.
Be quiet, mylady, sooner or later you'll know why you're here.
(Dr. Jekyll e Sr Hyde, uma vida de silêncio que me queime os cantos infelizes. Eu sou uma boa menina. Boas Festas).
6 comentários:
Lindo, lindo!
Adoro tudo que é profundamente intenso, que de alguma forma toca tão leve na alma.
;)
Sucesso.
Beijos.
quando eu percorro o túnel dos teus textos o ar torna-se tão pesado. (concordo) É uma atmosfera tão intensa que me sinto esmagado. Mas gosto, ou não tivesse eu estado no tonexxx. eheh.
Gostei.Bastante. Tiraste-me as palavras
Criança mimada - "Escreve mais destes, nem que seja só para mim..."
Alucard sempre a usar "private jokes"
:-)
E eu...já disse xD
Enviar um comentário