quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Miopia


Eu dantes não via. Olhava cego para quem queria e o pior era à noite
Não reconhecia a maioria das pessoas que me cumprimentavam
Acenava a todos, só parava das dez às oito
É aí que uma pessoa desconfia e leva a peito
Confiava no que sentia, queria mais e não podia mas não temia
Andava cego e sem folia mas prosseguia
Procedia como se fosse dia com trissomia
Assumia como quem assobia e consumia
Tudo o que não via também não queria, era a vantagem
Não se definia, sentia que era miragem
Até que um dia abri os olhos e vi claramente
O que não queria ter que me aperceber
Desde esse dia que eu mudei o que sentia
Pelas coisas que eu não queria ver

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