quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Funeral de ânimo leve

Estamos numa sala negra, com caixão.
Todos choram mas nós não.
Nós sorrimos lembrando o que passámos juntos.
E batemos palmas e latas,
e aplaudimos para que ouçam os defuntos.
No cemitério, bebemos café com natas
e batemos com as colheres de prata.

É uma rotina criada, a de fazer uma grande festa,
enquanto a vida que passa ainda resta.
Por isso para nós somos sempre sete,
nunca ninguém falta.
E esta alegre cena sempre se repete,
cada vez que se junta a malta.
Solto uma gargalhada, bem alta.

Temos perfeita consciência de não termos sanidade.
Mas até os insanos devem ter a sua privacidade.
E temos perfeita consciência
que esta vida está por um fio,
por isso tenham paciência,
não digam: "estes são do piorio!".
(Festejamos na mesma,) até porque o caixão está vazio.


Eduardo Rilhas

6 comentários:

Pseudónima disse...

Este, na minha opinião... é GENIAL!! Deixou-me de sorriso estendido no rosto, enquanto o lia, do início ao fim...

Posta sempre, é realmente um prazer ler as tuas obras. =)

Eduardo disse...

De certo modo, uma celebração da vida não é brother?
Eu entendo-te. nice one,nice poem.

Abraço

Anónimo disse...

Estes teus poemas... têm sempre, pelo menos nos que me lembro de ter lido, aquela "musicalidade brincalhona", como disseste uma vez (não sei se te recordas), o que dá sempre mais qualquer coisa aos teus poemas/textos, e quem já conhece a tua escrita, consegue identifica-los como sendo ou não teus.
Gostei muito deste, aliás não houve nenhum que não tivesse gostado.

Se parares erras. Só fazes bem se continuares. =)
Beijinho.*

Anónimo disse...

É uma delícia! Bem escrito, bem humorado, bem conseguido!

É um orgulho.

Beijinho

Teresa Rocha

Eduardo disse...

tas a fazer sucesso com as meninas.lol

Lourenço disse...

Simplesmente perfeito.
E há pouca "coisa" escrita que me faça dizer isto.
Continua assim, gaijo do cabelo chateado!

Ass: Gaijo do cabelo esquisito (Lourenço)

PS: Edu C., "VAMOS DAR UMAS CÂIMBRADAS!??!?!"